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sábado, 22 de janeiro de 2011

Fora d'água - Chris Haicai / Paulo Freitas

Quando ela desce a ladeira
todo mundo faz parar
quando ela passa
todo mundo para
o rodado do teu vestido é como as ondas do mar
e mata nego afogado até fora d'água

Nega gostosa cheirosa e vaidosa
já ganhou meu coração

Se subo o morro com saudade
subo pra te procurar
se não te encontro nem volto pra casa
escrevo versos na parede
to seguindo o seu caminho
e não tem litro de cachaça
que afogue minhas mágoas


Nega gostosa cheirosa e vaidosa
já ganhou meu coração
te peço que passe lá em casa
quero seu perdão e quero seu amor...

mas se não quiser o nega
eu vou pra esquina
pro bar
vou pedir pastel e cachaça
pra comemorar
eu quero ver no que dá
eu vou mandando brasa
só pra ver no que dá
só pra ver...

Café - Chris Haicai / Rafael Coelho / Paulo Freitas

Café fraco
aqui no meu barraco
faltou pó
minha manhã já foi melhor
vou a pé
sozinho sem você
vou me acostumar
tudo se ajeita
vou seguindo devagar
andando no tempo sem atravessar

Vida condição
Alegria ou tristeza?
Amor pela manhã
café com pão na mesa
um dia bom pra caminhar
e o vento traz
mudança

Minha reza - Chris Haicai

Presa, isso é coisa que eu não tenho pra você
vento bateu na minha janela
trazendo de volta minha inspiração
pra mostrar a força que o samba tem
e que tudo tem um preço vão
que a verdade pode ser o que te convém
se o que tem é o que merece

Essa nova dúvida que você tem
daquela velha idéias de um dia ser feliz
com tantos entre todos que essa vida tem
quando é que vai mandar no seu próprio nariz

Deixa de ser besta está na testa
não há nada que você impeça
ando braços dado a natureza

tão pouco dou bola pra qualquer bobeira
um bom malandro nunca perde a direção
quando cai no sufoco
não vou pra lona
Salto de banda
aos pés da cama uma prece
uma reza.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A cor - Chris Haicai / Xaras Gabriel

O céu de esmeralda repousa em sua grama de manhã
o raio de sol que dança por entre as sombras das folhas
no espelho da água eu vi
teus mistérios se desvendar
nem todo coro canta
nem tudo que brilha é ouro

eu trago a força das matas
eu tenho o anel do herói
das flores santa fumaça
a brisa da cachoeira

do sapo que a noite canta
em plena lua cheia
o vagalume que passa
a luz que nos clareia

um flerte natural surgiu
sem ensaio acendeu o pavio
pensando no que gosta
canto a tua cor
sentado na encosta
um fino um violão
e chega em meu ouvido
mais uma canção
só pra ter do meu lado
minha inspiração.

Pro seu jardim - Chris Haicai / Xaras Gabriel

Talvez nem deva falar
das flores que saem da carne
dos dedos a se procurar
inventando remorso

se você nunca se lembrar de mim
deixe que o anoitecer traga o silêncio em fim

de cada vontade que matei
na brasa do cigarro
estradas, caminhos, passarela de ilusões

de você não quero lembrar do fim
trago apenas um penar e mais flores pro jardim.

Talvez nem deva falar...


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ressaca - Texto - Chris Haicai


Acordou num pulo aquela sexta, de ressaca, pois tomara vodka de forma demasiada. Foi direto pra cozinha, abriu a geladeira e tomou toda a água da jarra que enchera antes de sair, já prevendo mais um porre, de mais uma noite de samba!!
Sua casa sempre cheia de amigos músicos, atores, psicólogos, malandros do corre, amigos da lei, sempre todos reunidos, sem nenhum perrim, bebendo, tocando e fumando, rimas correm soltas, e muito flerte também já que ele é amigo das meninas e isso proporcionava encontros, distração e farras, claro! Recém-solteiro, morando só.
Quem poderia entender aquela mente inquieta e aquele coração desgovernado.
Helena
Linda voz, olhos cheios de bondade e pele de hortelã, assim é Helena, seu amor, sua paixão, menina nova e cheia de luz, poeta e compositora, amor de todas as manhãs e companheira de todas as guerras, moraram juntos por uns tempos e namoraram por dois anos, sinceros, felizes e muito apaixonados.
Face book
- eai? Que ta fazendo?
- de boa, cabei de levantar.
- ressaca da porra – nem fala!
- Bora fazer um bom dia brasil?
- to colando, fui!
Entrou no banheiro e tomou uma ducha gelada , olhando no espelho, escovando os dentes, começou a ter flashes da noite anterior, pensava com o indivíduo do espelho, quem era aquela mina que passou e olhou pra ele, de um jeito diferente como se o conhecesse? não sabia ao certo e ficou curioso com aquilo.
Bom dia Brasil!
- Eai man? Beleza?
- Beleza, e os caras ?
- Rapaziada tá colando aí, Crispim, Rubão e Tio Carlitos.
- Certo, seu cel...
- Alô! Eai, como está, certinho? to aqui na casa do Hermes, chega!!, Abraço.
Logo chegaram todos, e conversa vai, falando quem foi, se foi, que viu, quem tá que tá, que tem uma rima nova, que tem uma nova canção, e fogo!
Logo que pode, Hermes chamou Crispim pra ir na vendinha comprar erva, ele recordara que Crispim conhecera aquela tal garota de alguma forma, pois o viu conversar com a tal, e parecia uma conversa “gladiosa”.
- Me diga? Quem era aquela garota que conversava do meu lado esquerdo do palco, cabelos ruivos, channel, quem é ela?
- Putz...nem vem! to na fita já.
Na malandragem é assim, todos se respeitam muito bem, porém todos sabem que o assalto corre solto, e se não tem endereço fixo, ah, meu amigo, sapateia.
-Então... Ela se chama Aluz, não mora aqui, vem só de vez em quando, e hoje já marquei um role com ela, vou jogar a pedra.
- Pena!
- Por quê?
- Porque ontem tive um encontro de olhares com ela.
- Ah é? Como foi?
- Ela passou e lançou um olhar daqueles, parecia que ela me conhecia de algum lugar, não sei... (o respondeu, balançando a cabeça com um olhar inconstante).
- Mas... to tranquilo, já era... esqueci a tal “Garota Ruiva”... bora pro Boteco hoje?
- Vamos.
Ficaram ali mais um pouco, contando histórias e fazendo rimas e canções, pouco a pouco a casa fica vazia e todos se vão.
Já era
Noite de sexta-feira, noite de lua cheia, se aprontou e saiu sem direção, queria extravasar, sentia-se culpado tanto pelo amor de Helena que deveras havia dispensado sem razão ou alguma explicação plausível, tanto para sua ex-amada, quanto para ele mesmo, simplesmente não sabia.
Uma semana antes tinha levado um toco, de uma breve amiga, Leila... emudecia qualquer um com sua beleza, ali, meu amigo, não é qualquer Dom Casmurro, que chega não! Ela é “A Cereja” e que de repente virou paixão, que de repente virou amizade e sarro, até lhe escreveu uma canção, estava perdido, desalinhado consigo mesmo, mas tinha em seu coração uma sensação de satisfação, ele realmente acreditava que era aquilo que precisa viver e estava feliz com tudo que vivera até ali.
Quando chegou no boteco, fez o de rotina, cigarro, vodka e violão, amigos pra lá e pra cá, e algo pra relaxar, logo fez-se a roda dos malandros, Lineu puxa o carro com Crispim, Rubão Carlitos dentre outros que sempre estavam presentes em sua maloca.
- Eai, Crispim, que deu daquela mina, saiu de role com ela?
- mandou uma msg, acho que ela vai colar aqui.
- Ah é?
- Ela deve estar chegando.
Aquilo o deixara muito ansioso, e logo quis sair de lá, primeiro, porque Crispim tava na fita, segundo que ainda estava se desligando de seu antigo amor, e terceiro, havia uma tempestade em seu interior.
Saiu apressado, esbarrando em todos, um tanto arrogante, só queria sair de lá, e não encontrar a tal garota ruiva, e foi o que fez, mas não se escapa dessa roda amigo, estava escrito em algum lugar, sabe lá onde, sabe lá porque, era pra acontecer de alguma forma.
Quando saiu do salão em direção à porta, avistou, num raio de olhar, a tal garota ruiva no corredor fumando, abaixando a cabeça e apressando seu andar mais ainda, passou por ela, bem perto, por conta do lugar ser bem apertadinho, sentiu seu perfume, e cheiro de menta, menta de cigarro, quase se deixou levar, mas lembrara novamente de tudo e de todos, saiu, e se foi.
Andando para o carro de Lineu, acendeu mais um cigarro, e bum! outro flash, a lembrança do sonho que tivera noite passada.
O Sonho
Estava ele no banho quando sentiu sabonete nos olhos e começou a coçar olhando para cima, abrindo os olhos para que a água pudesse lava-los e aliviar a dor recuperando sua visão, nota que a privada estava cheia de merda, e de repente a água estava subindo e já havia merda por todas as partes, saindo do ralo, da pia, como escovar os dentes nessa pia cheia de bosta? Fechou o chuveiro e saiu nu e molhado deu dois passos, se sentiu inseguro porque ainda estava ensaboado, ficou com medo de escorregar no piso de azulejo, parou, andou mais um pouco pra alcançar a toalha que havia esquecido em cima da cadeira, quando ele puxa a toalha, percebe algo embolado nela, uma carteira de cigarros de menta, e ele pensa, de quem seria aquilo, quando se curva pra se levantar, escorrega e cai com a cabeça em direção a um copo, que por azar do desorganizado, havia mais de três copos parados a espera do impacto do futuro presunto, que ali ficou boiando em bosta, com sangue por todos os lados, quando ele de repente percebe que esta vendo tudo deitado na rede que tinha pendurada em sua sala, de fronte ao banheiro, a fumar seu cigarro vermelho, tosse e acorda com tosses reais.
Saiu de role, Puff! Já estava em outra, Lineu e ele saíram para “Gladiação”, pelas ruas de campão, rodando e tomando scott, pelos bares da cidade, nos corredores dos ombros espalhados da gente que preenche os bares como sardinhas na lata, no cintilar dos olhares das gatas que estão por aí, roda, roda, roda, porque se incomodar com tal garota ruiva? Crispim, Helena, já passou.
Chegaram em mais um boteco desses de Campão, e o assunto era Rock in Roll, logo que entrara, sentira uma sensação estranha, como se ele não devesse estar ali naquele exato instante, Lineu deu um rolê pelo boteco, analisou, olhou para Hermes e disse:
- Bora!
- Agora!
- Pra onde a gente vai?
- Bora pro “Bolinho”
Preparar, apontar, Fogo!
Voltaram para o primeiro Boteco que foram, o lugar que acabara de sair pilhado das ideias, já passara das três e meia da manhã e quando entrou não deu outra, da porta do bar ele a avistou e sentira novamente aquele sentimento estranho, olhando para ela, manteve o olhar e não se desviou, passou por ela, soltando faíscas, entrou no bar pegou mais uma dose, saindo de lá, sacou mais um cigarro, e foi para o palco pegou o violão e começou a tocar e cantar todos os santos e espantar todos os demônios que ficaram sobre seu ombro esquerdo a noite inteira.
Cantou, cantou e bebeu, flertou a tal garota enquanto consentia uma dança a Crispim, não conseguiu parar de olhar pra ela, mesmo estando a dançar com Crispim, pois ela o correspondia, e assim se deu.
Quando desceu do palco foi direto à tal garota ruiva.
- Oi
- Olá
- pode me emprestar a brasa?
- Eu tenho isqueiro, prefere?
- Tanto faz, na real qualquer fagulha acende, certo?
Balançou a cabeça com uma expressão de espanto e pressionando os lábios, sorriu.
Eles não precisavam conversa, tudo estava dito, os olhares quando se encontram tem um poder de comunicação imenso, e o silêncio trouxe a questão.
- E agora?
- Acabou.
- Sério?
- Sim.
Silêncio novamente.
- O que você tá olhando, quer saber o gosto que tem?
- O que?
Ali estavam cara a cara no canto do bar as quatro da manhã, ele tomando vodka e ela fumando cigarros de menta, e assim se deu o beijo.
Vontade, desejo, fissura, paixão
- Eai? Qual vai ser?
- Tô com minhas amigas, tenho que leva-las em casa.
- Quer companhia pra fazer isso?
- Sim! Pode ser.
- Quer que eu vá ou apenas pode ser?
- Sim, quero que vá comigo.
Saíram de lá, e foram levar as amigas, no caminho conversavam sobre noites, músicas, filmes, livros, que conhecia um amigo em comum, que já tinha o visto em outros carnavais, e que tudo estava diferente, mudar, inventar, criar, amarrar-se um ao outro até o dia amanhecer, e foi isso que fizeram.
Sábado à tarde, todos interligados e caçando o que fazer, mas ele não, estava de boa em casa, esperando o primeiro ligar, pra fazer um bom dia, falar do que passou, e como sempre, passar a tarde ali, só respirando arte.
- Alô! Quem?
- Oi, sou eu, Hermes.
- Olá, então guarda bem os números?
- Na real, e uma conta lógica e fácil de se guardar.
- E? Como é esta tal conta?
- 2x1=2x4=8 os dois primeiros são normais, tá sempre no mesmo lugar, sacou?
Gargalhadas do outro lado da linha, ela sorrindo sem entender nada.
- O que vai fazer hoje?
- Trabalho.
- Onde?
- No Território do Ioiô
- Legal, acho que vou dar uma passada lá, mais tarde.
- Certo, até mais então, escuta! Gostou?
- Foi tudo muito bom e estranho ao mesmo tempo.
- isso não é bom?
- É muito bom.
- Certo, até mais.
Tomou seu banho, e logo foram chegando todos, téras, rimas , melodias, e um convite.
O aniversário
Era aniversário de Resla, uma amiga em comum, cantora e compositora e na certa todos estariam lá, reunidos em uma ocasião de fato feliz e cheios de pessoas intimamente conhecidas, e lá também estava Helena, linda como sempre, com um copo na mão e um olhar diferente, quando o avistou logo foi em sua direção.
- Olá como está?
- Bem e você?
- De boa, vem aqui, quero te dar uma coisa.
Foram em direção ao carro dela, abriu aporta e tirando da bolsa disse:
- Toma, deve estar cansadíssimo, isso vai te ajudar.
Deveras estava morto, rouco e com cara de bêbado.
- Não acredito no que você esta fazendo, esse é meu maior mal, porque está me dando isso?
- Vai te ajudar, só por hoje!
- Tudo bem, me dá aqui.
- Não! Calma eu quero fazer com você.
- O que? Nem louco.
- Não consegue me ver como uma amiga?
- Não é isso Helena, isso já nos separou uma vez, acha que agora vai nos aproximar?
- Vai logo, só te dou se fizer o que eu quero.
- Então é isso que quer? Vem...
Feito, fez a vontade de sua ex-amada com tristeza e muito penar, sabendo que aquilo realmente os afastaria de uma forma que ele jamais desejara.
Saiu de lá transtornado, indignado, pensando na cena que participara minutos antes, ele sempre fugiu de tal tentação e ali estava, nas mãos de Helena, dividiram a mesma loucura.
À francesa
Sábado, duas e meia da manhã, fim de mais uma noite de muita dança, cerveja, flertes e muitos cigarros, lá estavam todos Lineu, Rubão, Crispim, toda malandragem reunida, as meninas, Helena, Leila, Aluz, e mais uma vez ele estava travado, como a serpente encantada pela melodia torta da flauta, sentou e acendeu um cigarro, quando foi ao encontro do olhar de Aluz.
- Vamos embora!
- Agora?
- Sim.
- Como vamos sair daqui sem que alguém perceba?
- Te ligo em instantes, certo?
- Certo, to indo.
- Até.
Saiu à francesa, ligou para Aluz que rapidamente foi ao seu encontro, encontraram logo um lugar a ali ficaram até o sol lançar seus primeiros raios de luz.
- Já é manhã tenho que ir, amanhã vou embora.
- Fica mais um cigarro.
Não queriam sair de lá, como se conhecessem há muito tempo, tinham assuntos intermináveis, e piadas e histórias e como se paixão e o amor estivessem no seu melhor pico.
- Tenho que ir, podemos nos ver mais tarde?
- Claro, te ligo.
Estava tudo certo, ninguém saberia, ela estava partindo, ele estava solteiro e de bem com sua arte novamente, estava realmente pisando em algodão doce, lembrando da noite que tivera ao lado daquela garota que conhecera há dois dias atrás inventando mais uma paixão, fumando mais um cigarro.
Drinks e Broschetas
- Alô!
- Olá, como está?
- bem, na real tô com umas amigas dando um role, me despedindo.
- legal, domingão de Sol.
- E você, que esta fazendo?
- Em casa com amigos.
- Posso passar ai, agora?
- Claro!
Ali estavam todos novamente na sala da casa de Hermes, conversando, tocando, e fumando.
Um cochicho.
- Quero ficar com você, mais um pouco antes de ir.
- Certo, também quero.
- Eai, que faremos?
- Pensei num bar, discreto, bebermos e matar curiosidades.
- Eu quero!
Sairam de lá e foram para um bar qualquer da avenida Afonso Pena, descendo ele procura uma mesa, ela logo esta alí, com seu cigarro de menta, sentam e ele chama o garçom.
- Por favor!
O garçom se aproxima sorrindo e diz:
- Olá senhorita Aluz.
- Olá! Como está, bem?
- Tudo bem sim...
- Então! (interrompe Hermes) Gostaria que me trouxesse uma dose de conhaque de maça, e para dama...
- Caipirinha de Saque com kiwi, por favor.
- Muito obrigado! – Ah uma porção de broschetas.
Hermes dispensou o Garçom acendendo um cigarro, e se voltou a garota ruiva e disse com voz rouca e baixa:
- Fica com meninas?
- Sim!
- O que prefere?
- Não procuro o sexo, e sim a pessoa que o carrega.
- Interessante, com quem mora?
- Só, e vc?
- Eu o que?
- Mora só?
- Sim!
- Interessante.
Suas afinidades se encontraram mais e mais, e perguntas saiam de lugares inesperados, mesmo porque não havia nenhum receio, ela nem sabia sua idade, muito menos ele a dela, dois estranhos vomitando segredos na mesa do bar.
- Tenho que ir embora mais cedo, amanhã, tô partindo.
- Quanto tempo temos ?
- Três horas.
- Garçom! A conta, por favor.
- Pra onde vamos?
- Hum...vamos pra minha casa.
- Certo.
Um erro fatal, a casa que antes habitara o casal feliz, fotos e roupas misturadas, havia muitas lembranças ali, dos dois que outrora partilhavam dos mesmos sentimentos e planos, um erro fatal. De fato Helena ainda considerava possibilidades e jamais imaginara que Hermes estaria vivendo aquela paixão repentina e devastadora.
O Flagra
- Faz unzinho pra gente.
- Claro! Vou preparar
- Calma, trouxe pronto pega ai na minha bolsa.
- Prefiro que você mesma pegue, bolsa de mulher tem muitas surpresas.
- Tudo bem.
- Me passa o isqueiro, puff!
Quando de repente explode novamente o desejo e a vontade toma conta de tudo e se perde a noção da hora, e se fala coisas impensadas.
- O que foi?
- Nada, senti uma tristeza de repente, como se tivesse ferido alguém, não sei...
- Quer parar com isso?
- Não, não foi nada, vem cá.
Estavam no meio da sala de frente a porta de entrada, entrelaçados, sentados na cadeira que outrora estava à mesa daquele casal feliz, a música tocava, livros e bitucas de cigarro testemunhavam tudo aquilo, chuva e calor numa noite de domingo.
A porta se abre num estalar de dedos e lá está Helena, olhando para a cena que jamais havia imaginado, sua sala, sua cadeira, seus livros, seu ex-namorado, fumando maconha sem camisa e uma mulher em seu colo, cabelos curtos e vermelhos.
Ficou olhando aquilo, parada, calada e estática, como se todo fosse mentira, e tudo aquilo que vivera ao lado de Hermes, foi ilusão, besteira, não conseguia tirar seu olhos daquela cena, Aluz se levantou, assustada e nervosa foi para o quarto, Hermes olhando os olhos de Helena, fixos e mórbidos, sem amor e sem vida, disse:
- Não era pra ser assim.
- Não quero saber o que está acontecendo aí, só quero o dinheiro.
- Podemos falar outra hora
- Não! Não temos nada a falar.
Foi embora, sem cena, sem choro e sem gritos, simplesmente foi, sem dizer nada.
A despedida
O silêncio impera a sala, Aluz sai do quarto e acende um cigarro nervosa, Hermes faz o mesmo olhando para a janela a suspirar, e com grande pesar pelo que acabara de acontecer.
- Quer que eu vá embora?
- Não, quero que fique.
- Tem certeza?
- Fique, vem cá.
E sem hesitar Aluz se entrega e tiveram sua despedida acima de qualquer coisa, sentimento, sensação ou culpa que ali ficara.
Logo que terminaram, ela adormeceu num cochilo tranquilo, acordado fumando um cigarro e olhando para aqueles olhos que o encantou logo a primeira vez, a tal garota ruiva que apareceu do nada e logo não estaria mais ali, iria embora, voltar pra sua vida, quem sabe pro amor que agora a espera, e sonha com ela, e beijará seus lábios quando chegar em casa, tudo aquilo seria esquecido e ignorado rapidamente, de repente uma nova ideia veio em sua cabeça.
Como seria bom se Helena estivesse aqui, conosco, agora! E com esse pensamento adormeceu ao lado de Aluz.
Na manhã seguinte acordou só, e percebera que era o fim de mais uma história que fizera parte nessa vida.
Boas lembranças, expectativas e uma certa melancolia fluíam em sua cabeça quando desperta daquele profundo pensamento com o som do telefone.
- Alô!
- Eai man, qual vai ser a de hoje?
- Não sei cara..., cola aí pro nosso bom dia.
- to chegando, fui.